DEITADOS EM BERÇO ESPLÊNDIDO


O Brasil é uma mãe preta
Que o homem branco abandonou
O Brasil é uma mãe preta
Carregando seus filhos no braço
Engolindo o choro
Enxugando o suor
Enlarguecendo o sorriso
O homem branco que se diz encantado
Com sua força, ancestralidade, energia e cor
Quis roubar seu calor
Chegou sem pedir licença
Desbravou, adentrou, desmatou
Colonizou - o coração
A mãe preta se levanta
Sacode a poeira, samba
Não cansa, os males espanta
Nem puta nem santa
Mulher
E por ser humana
As vezes falha
Só tem dois olhos, duas mãos
A cria escapa
Foge dos olhos
Da de cara com o muro. Com o mundo
Encontra um tudo
Até o homem branco
Que ri do seu cabelo, cor e nariz
Sem enxergar na cria nada de si.
O brasil é uma mãe preta, mas o homem branco é só o homem branco.
Fechando as portas na cara do filho preto
Trocando o seu resto de humanidade
Por um punhado de propriedade.

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