Ranger

 Eu tentada não pensar sobre a partida 
Eu evitava olhar muito tempo naquela direção 
Eu conseguia desviar o olhar 
Mas o barulho da porta rangendo 

O barulho 

Perfurava meu sono mais do que qualquer pesadelo 
um dia eu fui atá a porta 
Não queria abrir ou fechar 
só queria fazer o barulho parar 
Mas me deparei com ela aberta 
Por trás dela o mesmo corredor - que agora eu estava 
por trás dela, eu mesma estava parada. 

Mas nas minhas mãos estava um saco, desses velhos e encardidos 
essa outra, que era tão eu, tirou de dentro dele

um a um 

objetos que sempre achei que ia precisar.
Uma camisa da escola, uma cordão de lata, uma carta 
tesouros nunca enterrados 
Ali estava eu, direto do futuro
E tão apegada ao passado. 
O rangido aumentava 
perfurando meus timpanos 

E quanto mais eu ouvia, mais percebia 
que ele sempre soou como "tic-tac" 


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poesia feita foi o exercício três palavras
palavras: saco, perfurar e ranger 

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